Porquê?

Corremos porque não temos asas para voar...

Afinal a saudade tem braços... e cheiro

O vale desflorestado do rio Ferreira.
Depois de uma noite de chuva, nem queria acreditar quando subi as persianas. Lá fora, o azul do céu e o sol brilhante contrariavam as previsões que apontavam para chuva durante a manhã. Farto de aguardar pela fisioterapia para o pé e incapaz de gerir uma paragem tão prolongada, tirei o meu par de "Wings" do armário, troquei as palmilhas e num ápice estava pronto.
As gotas brilhavam ao sol da manhã
Deixei a esposa na baixa (alguém tem de trabalhar) :-) e dirigi-me para a serra. Os trilhos estavam cheios de água corrente provocada pela abundante chuva nocturna. Já decidira que não haveria lugar a grandes tibiezas, pelo que, cedo fiquei com os pés bem molhados. A cada "splash" sentia-me mais revigorado. As gotículas de água iluminadas pelo sol brilhavam
As mimosas davam um toque
colorido.
como pequenos diamantes nas agulhas dos pinheiros e o cheiro dos incêndios que devastaram estas serras deram de novo lugar aos aromas de euclipto e mimosas que já se encontravam completamente floridas. O sol elevava do chão
Quase não reconheço a serra sem
as árvores
uma neblina de vapor que dava um toque de magia ao cenário. O pé, poupado a estas vidas durante tanto tempo não me incomodava muito e fiquei surpreendido por ao fim de quase três meses sem correr, ainda ser capaz de ultrapassar as inclinações em corrida, sem vacilar. Cruzei-me com várias pessoas a correr e com bicicletas, voltei a sentir-me um deles... parte da tribo. A meio da manhã o tempo alterou-se substancialmente, o sol cedeu perante umas nuvens ameaçadoramente negras que não demoraram muito a dizer ao que vinham. A chuva começou a cair serenamente, sem vento, pingas grossas que rápidamente me deixaram encharcado. Foi aumentando de intensidade, e enquanto corria sob a forte chuvada, pude apreciar a agradável sensação de liberdade.

Como tinha saudades destas sensações, uma saudade de longos braços que apertaram muito e com um cheiro a eucalipto e flores que eu já quase esquecera.

Troço do rio Ferreira

Perto da aldeia de Couce


Aspecto do trilho


Subida dos escuteiros, assim chamada porque
da primeira vez que a subimos, encontrámos
um grupo que explorava esta encosta.

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