Porquê?

Corremos porque não temos asas para voar...

Para memória futura.

Esta foto é um pobre exemplo de um espectáculo lindo
quando visto ao vivo.
Há uns dias atrás, enquanto corria pela serra d'Arga, pude verificar o enorme flagelo que os incêndios provocaram nesta serra que em condições normais é lindíssima. O negro do carvão estava omnipresente em muitas zonas, nomeadamente nas zonas altas, talvez porque eram mais inacessíveis, ou apenas porque  o mato rasteiro entre as pedras não constituísse prioridade para as entidades que combatiam os fogos. A verdade é que nestas zonas mais elevadas, e observei por isto varias vezes, havia uma pequena flor de cor roxa com as pétalas rentes ao chão que crescia em grande quantidade, dando um toque de cor, e sobretudo de vida, ao negro pano de fundo. A quantidade era imensa, e algumas que cresciam no caminho trilhado por nós estavam partidas ou esmagadas. Não pude deixar de sentir alguma emoção ao ver como a natureza reage com serenidade aos grandes incêndios de que foi alvo, fazendo precisamente brotar vida nova através duma planta tão frágil e de uma cor tão contrastante.

Coincidência ou não, uns dias antes tinha lido um artigo sobre preservação que alertava para o cuidado que devemos ter quando passeamos na natureza por causa do pisoteio das espécies, e ao ver aquelas pequenas flores que surgiam do caos para alegrar a paisagem serem esmagadas por nós, fiquei um bocado pensativo. Dei comigo a tentar colocar o bico dos pés entre as que estavam na minha trajectória.

Passada que foi a euforia de ter terminado uma prova tão dura, andei a tentar perceber que espécie seria aquela e, correndo o risco de estar errado, parece-me ser a que colei em sobreposição, e que se apelida de açafrão-selvagem crescendo principalmente em zonas altas das serras e que deita flor entre Junho e Outubro. Seja como for, esta foi mais uma imagem que guardei com muito carinho e que deixo aqui retratada, dizendo como agora está na moda, "para memória futura".

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