Consumimos experiências directamente, com outras pessoas. Quando elas terminam, tornam-se parte das histórias que contamos uns aos outros. - Gilovich |
O verdadeiro sentido da vida é ser feliz e a maioria das pessoas procura a felicidade. Há mesmo quem defenda, que o melhor indicador para a saúde de uma sociedade, é a felicidade.
Este fim de semana tive oportunidade de ler um artigo engraçado onde, não um economista, mas sim um psicólogo, dissertava sobre a melhor maneira de gerir o dinheiro para obter felicidade duradoura. Sendo o dinheiro um bem escasso para mim, embora provavelmente não esteja desacompanhado nesta matéria, interessei-me pelo conteúdo e tirei umas notas com que aqui procuro reproduzir a ideia geral. Os estudos e pesquisas em causa são de Thomas Gilovich, professor de psicologia na Universidade de Cornell.
A grande premissa da boa gestão, segundo ele, dos recursos económicos com vista à obtenção de felicidade, passa por aplicar o dinheiro disponível em experiências, não em coisas. Quando perguntado a um grupo de pessoas porque preferiam comprar um iPhone de última geração a fazer uma viagem por exemplo, a resposta incidia invariavelmente na posse do objecto, segundo o mesmo psicólogo, porque a posse de um objecto sólido na mão se comparado com a viagem, que parece uma experiência volátil, nos dá a sensação de que nos fará felizes durante mais tempo.
Contudo, existe um factor que ele apelida de adaptação, e que fará com que o objecto, passado pouco tempo, entre naquilo que para nós será o "novo normal", perdendo o brilhantismo e pouco a pouco começamos a busca por outra coisa qualquer. Utilizado desta maneira, o dinheiro pode comprar felicidade, mas apenas até certo ponto.
Em contraposição ele defende, baseado em estudos liderados por ele próprio e pela equipa num outro grupo, que a opção de comprar experiências retorna mais felicidade e que cada experiência prolonga a felicidade no tempo, seja uma visita a um museu, uma viagem ou mesmo percorrer um trilho nos Apalaches. E mesmo se alguém não esteve connosco quando vivemos uma experiência, é muito mais fácil fazer a ligação com uma pessoa que também gostou de fazer o trilho dos Apalaches ou esteve no mesmo concerto que nós, do que com alguém que comprou o mesmo smart-phone.
"Falar de uma experiência, facilita revivê-la, encoraja o embelezamento da mesma - quanto mais falamos sobre o momento em que escalámos o Monte Rainier, mais profundamente nos tornamos um alpinista- e fomenta a ligação social, o que melhora o prazer do evento original. Também descobrimos que se retirarmos a capacidade de falar sobre as experiências diminui o prazer que elas trazem e que pelo contrário se potenciarmos a oportunidade de falar sobre essas mesmas experiências aumenta a satisfação que elas trazem, mas isso não é verdade para os bens materiais." - Kumar.
"Consumimos experiências directamente com outras pessoas. E quando elas terminam , tornam-se parte das histórias que contamos uns aos outros" diz Gilovich.
Ainda segundo este professor de psicologia, esta pesquisa tem implicações directas para indivíduos que desejem maximizar o retorno dos seus investimentos financeiros em matéria de felicidade, para empregadores que desejem uma equipa mais feliz e para políticos que desejem cidadãos mais felizes.
"Ao alterar os investimentos que as sociedades fazem e as politicas que aplicam, podemos guiar vastas populações para os tipos de buscas vivenciais que promovam maior felicidade" Gilovich e Amit Kumar em Experimental Social Psychology.
"Enquanto sociedade, não seria melhor tornar as experiências mais fáceis para as pessoas?" pergunta Gilovich.
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