Porquê?

Corremos porque não temos asas para voar...

Dois podem ser uma matilha?

momento de pausa no treino
Após um período de 4 semanas de inactividade forçada por lesão num joelho, voltei à prática da corrida. Sempre na companhia do Miguel, uma investida de 13 km na Serra de Santa Justa e duas vezes um circuito urbano de cerca de 8 km serviram para colocar em evidência duas coisas: Primeira, o joelho não totalmente recuperado, permite exercitar-me sem grandes preocupações; a segunda, bastante mais dolorosa, foi constatar que a forma física, sem dúvida o melhor momento que atravessei nos últimos anos, tinha-se desvanecido bastante.

Quem sabe o trabalho que é necessário para colocar o corpo numa resposta física óptima, também sabe que nestes momentos de dificuldade só há um caminho possível: Voltar ao trabalho de sacrifício, explorar novamente para lá da zona de conforto, esquecer a doce carícia da almofada nas manhãs do fim-de-semana e esquecer as previsões climatéricas.

Com duas provas interessantes no horizonte próximo, Wings for Life (contra relógio solidário) e Meia Maratona do Douro Vinhateiro (prova do calendário das Running Wonders) vou utilizá-las, em conjunto com os treinos, para regressar a um bom nível. A prova de aferição está já definida: Ultra Trail da Serra D’Arga em Setembro. Já não corro esta prova há dois anos e vai ser bom voltar a percorrer os trilhos desta serra bem bonita. A primeira sessão de trabalho, idealizada pelo Miguel, ocorreu já neste sábado, um treino de 23 quilómetros com cerca de 1.000 metros D+ que trabalhou bem as pernas e o espírito de sacrifício, ambos necessários para aguentar a dureza. Assim que tiver mais resistência quero voltar ao Gerês para fazer o circuito da Gerês Marathon, aí posso aliar o trabalho pesado ao prazer de correr com a magnífica paisagem de fundo que a região proporciona.

Depois de ter lido recentemente o livro de Mark Rowlands “Correr com a matilha”, a minha identificação com a forma como este filósofo-escritor-atleta encara a corrida e o uso filosófico que faz dela, abriu-me as portas para novos horizontes dentro da corrida. Espero fazer bom uso destes novos ensinamentos de forma a manter a mente ocupada nos treinos mais longos.

Um dos parágrafos que me fascina é este que transcrevo pela proximidade daquilo tenho vivenciado na minha curta experiência como corredor de fundo amador:

“Correr distâncias, acho, consiste em tentar reivindicar algo da minha juventude. No entanto, cheguei á conclusão de que não de trata de reclamar a liberdade, é antes o conhecimento. É essa a transformação que tenho tentado identificar.”
-Mark Rowlands-

Esta tomada de consciência tem sido um processo lento, mas muito compensador. Por vezes penso que sou uma aberração no meio do pelotão. Quem mais se interessa por estas coisas enquanto corre? Depois encontro (como que por milagre) um filósofo que gosta de correr e que escreveu sobre isso e encontro tantas explicações e pontos de contacto na sua narrativa…


O caminho está delineado, é só percorrê-lo…Vai ser bom voltar a perseguir o Miguel, nós seremos a matilha.

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