Porquê?

Corremos porque não temos asas para voar...

Ultra Louzan Trail 2015

Travessia de linha de água com pedras muito escorregadias.
Bater com as costelas nestas arestas não é opção...
Mais uma página de aprendizagem. Provas de nível de dificuldade superior como esta não são compatíveis com facilitismos redundantes. Esta prova tem um dos percursos mais bonitos que já percorremos, abundantemente arborizado e paisagens lindíssimas sobre os vales e as aldeias, os pequenos regatos, que atravessam o trilho sempre que baixávamos um pouco a cota de altitude, davam uma ajuda para refrescar corpos super-aquecidos como os nossos. A travessia das pequenas aldeias permite um vislumbre daquilo que foi a vida dura destas gentes quando ainda não se falava de turismo e a tipicidade das construções é deveras interessante. Para nós foi um verdadeiro prazer correr estes trilhos propostos pelo Clube de Montanha da Lousã.

Momento para minimizar os estragos provocados pelo extremo calor.
Porém, os 38 Cº que se abateram sobre a serra não facilitaram a vida a ninguém e ao fim de 22,5 km de sobe e desce pela serra, dei-me por vencido. Com eminentes problemas musculares e bastante extenuado, decidi não enfrentar as duas subidas que ainda faltavam até atingir a parte mais “fácil” do percurso. Foi a minha primeira derrota por manifesta incapacidade física e deixou um certo desconforto, mas sei que foi uma luta até ao limite, praticamente já não conseguia subir aqueles degraus depois da saída do Candal. Fiquei com a noção exacta dos problemas que levaram a este desfecho e tenho a certeza que vamos corrigir. Separados logo na fase inicial por dificuldades derivadas de uma lesão recente do Miguel (pensei que ele iria voltar para trás) perdemos o contacto. Estavam-me, no entanto, reservadas duas surpresas agradáveis, a primeira foi a passagem no Talasnal (aldeia mítica para nós) e a segunda foi que ainda durante a minha permanência no abastecimento vejo surgir o Miguel nas escadas que que conduziam ao largo onde eu estava. A alegria que extravasei deve ter sido contagiante para toda aquela gente que ali se encontrava. Afinal o Miguel tinha ultrapassado as dificuldades e chegara ali quase ao mesmo tempo do que eu. Mais uma boa recordação que marca ainda mais (se é que é possível) de forma indelével a nossa ligação a esta aldeia.

Enquanto tentava digerir a minha desistência, surgiu um casal de atletas que de forma altruísta partilhou comigo um pequeno frasco que tinha bálsamo (imagine-se) para cavalos, posso dizer-lhes que para além do agradável cheiro a cânfora minimizou bastante as dores na minha “completamente destruída” perna esquerda. O André, simpático membro da organização, levou-nos de regresso á Lousã no seu próprio carro proporcionando-nos uma condução pelas curvas apertadas da serra que não ficaria nada mal numa etapa do Rally de Portugal e que por momentos me fez pensar se não teria sido mais seguro tentar prosseguir pelos próprios meios nem que fosse a rastejar.

Como temos mau perder, está já mentalmente marcada a presença na edição de 2016 e um regresso a Lousã o mais depressa possível, quem sabe se ainda este ano, assim consigamos resolver os aspectos que nos são desfavoráveis. Falta de tempo para treinos de qualidade, conhecimento de local que os proporcione e estadia prévia no local da prova, para evitar a deslocação de cerca de 200 km no final de um dia de trabalho e praticamente uma directa no corpo.


Até à próxima Serra da Lousã.



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