Porquê?

Corremos porque não temos asas para voar...

Todos nós temos uma qualquer corrida para fazer...

Vivemos anestesiados pelo quotidiano e raramente temos tempo para reparar nos detalhes, perceber o sentido da nossa própria vivência. No ritmo vertiginoso do dia a dia, sentimos a vida escoar-se por entre os dedos, impotentes para a estancar. Nessa azáfama diária, confundimos ocupação com viver e, imersos nessa confusão, apenas arranhamos ao de leve as possibilidades da nossa existência.

Para mim, falar das corridas, é falar de uma inversão neste processo, um intervalo no tempo que funciona como uma vacina e nos prepara para resistir melhor a uma infecção. É trazer á memória o silêncio dos bosques, a beleza das paisagens, o perfume das flores, escutar a musicalidade dos riachos abrindo caminho entre as pedras. É sentir a brisa da manhã afagar-me o rosto, é observar as gotas de orvalho penduradas nas agulhas dos pinheiros. É sentir que eu próprio sou parte daquele todo. No fundo é sentir-me vivo.

Deve existir uma multiplicidade de formas para que cada um encontre os anticorpos que proporcionem a capacidade de resistir á anestesia, que proporcionem uma vivência que seja mais que a simples existência. No meu caso, encontrei esta, e os momentos que me tem proporcionado trouxeram, ao longo do tempo, uma riqueza extraordinária de experiências.

Poderia escrever sobre certos momentos, sensações que experimentei , mas resulta difícil escolher entre tantas recordações, perco-me nas palavras e dou por mim a relembrar todas as paisagens, todas as curvas do caminho, todas as gargalhadas, todos os momentos de espanto.

O ponto de equilíbrio é a família, lá começa tudo e é lá que regressa inevitavelmente.

Boas corridas, ou seja lá o que for que o retira da anestesia.

Sem comentários:

Enviar um comentário