Porquê?

Corremos porque não temos asas para voar...

Para onde foi tudo?

Hoje senti falta de mim. Senti falta dessa consciência ingénua em que tudo é belo, em que tudo, por mais ínfimo que fosse, tinha um significado maior do que a própria coisa em si.  Senti falta dessa ingenuidade que me colocava alma numa permanente perspectiva de plenitude e alegria. Senti que perdi o alinhamento.

Depois de algum tempo sem sequer olhar para as sapatilhas, obriguei-me a ir correr os trilhos da serra. Queria perceber porque é que uma coisa que me era tão agradável já nem tão pouco me passa pela cabeça. À medida que avançava pelos caminhos que tão bem conhecia, estranhei a sensação. Constatei que a poesia que a natureza me transmitia, essa capacidade de deslumbramento que  outrora sentia, tinha desaparecido.

Escolhi os caminhos mais duros na esperança que o esforço me devolvesse a clarividência que tantas vezes no passado me proporcionara. Apenas a realidade nua e crua me acompanhava. De momento não sou capaz de ver para lá da árvore, da pedra ou da frágil flor. O ambiente que me rodeia é o mesmo, eu é que estou diferente.

Na elevação da consciência não há retorno. O tempo e a vida, em prol de um bem maior, tornam este caminho irreversível. Uma vez lá, não se volta. Perdem-se afinidades que um dia nos pareceram eternas.

Não sei como, mas de alguma forma sinto que este é um momento passageiro. De alguma maneira percebo, que aquilo que fui, aquilo que vim procurar, um dia destes vai regressar através de um pensamento, de um conhecimento que apenas ainda não chegou. Preciso de voltar a sentir essa alegria sem motivo que não precisa de permissão nem sentido. Esse equilíbrio retornará.

E aí, seja quando e onde for, me encontrarei de novo.

Para onde foi tudo? 


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