A medida que vou subindo a serra, vou deixando mais e mais
para trás os ruídos do homem. Depois, lentamente, deixo a zona arborizada e
afasto-me também dos ruídos da natureza, dos gritos dos gaios ou dos suaves
pios das pequenas aves. Finalmente, atinjo a zona de silêncio. Aqui a serra é
granito, o olhar perde-se na distância, no azul do céu e por fim na estrada que
se desenha á minha frente. Enquanto isso, penso que embora distante de muitas
coisas, estou realmente perto do que mais importa. O pensamento, livre de
distrações, foca-se com facilidade. A família é quase sempre o centro das
atenções, por vezes também centro o pensamento em mim, no que sou, naquilo que
quero vir a ser. É incrível como me aproximo de mim aqui no meio do nada, como
me sinto mais perto do criador, não o das religiões, mas deste que dialoga
comigo através dos silêncios das paredes graníticas, ou pela extrema
fragilidade das minúsculas flores silvestres, deste que me ensina que faço
parte desta Natureza que observo e me espanta. Estar aqui, é estar muito mais
perto de Deus do que em qualquer altar construído pelo homem, longe de imagens
imaginadas e junto do real, do belo e inigualável.
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