Porquê?

Corremos porque não temos asas para voar...

Sem grandes técnicas, mas com muita vontade...

    Um ruído longínquo despertou levemente a minha consciência. Perguntei-me de onde vinha, era como um eco distante. Subitamente, tornou-se horrivelmente audível, era o alarme do telemóvel a chamar-me á vida nesta madrugada de sábado. Consultei o ecrã, marcava 5:00 da manhã, tinha de me levantar de imediato, preparar o pequeno almoço e o saco, daqui a uma hora o Miguel estaria a reclamar a minha presença no átrio, tínhamos planeado ...fazer um treino longo na serra.
    06:30, vento moderado, bastante frio, ausência de chuva e escuridão total, foi assim que a serra nos recebeu. Apenas um satélite brilhante no céu negro nos fazia companhia, acendemos os nossos frontais para retribuir o cumprimento. A luz difusa emitida pelos frontais não permitia distinguir o relevo e muito menos perceber por onde seguia a água que descia da serra inundando os trilhos e deixando de fora apenas algumas pedras por onde procurávamos saltitar. Assim foi uma questão de tempo até fazer uma medição á temperatura da mesma, estava boa... fresquinha.
    Depois desta experiência tão precoce no treino, passei a ocupar os pontos mais elevados do caminho e potencialmente mais secos mas, após dois momentos de patinagem apoiado apenas num só pé, voltei rapidamente aos regos, com agua é verdade, mas muito mais estáveis. Já não me lembrava de correr á noite sob a luz do frontal e ficou-me uma certeza, este material barato não serve. Vai ser necessário encontrar melhor alternativa pois o que aí vem não é para brincadeiras.
    A uma semana da meia maratona de Viana, uma pequena dor encurtou um pouco o treino por precaução, mas ainda assim, trepamos umas encostas bem íngremes, um tipo de treino de que preciso muito e me tem falhado ultimamente. Esta experiência de madrugada é para repetir, a habituação á corrida com pouca luz é uma situação que carece de rotinas para criar confiança, caso contrário, a progressão fica demasiado lenta.
    Quando a meio da manhã o clima se agravou, dando razão ás previsões, estávamos apenas a cerca de meia hora do carro. Até parecia mal se depois de tudo isto não fossemos abençoados com uma chuvinha.
    Foi já com a roupa trocada, e confortavelmente acomodados no café do Miguel com uma tosta mista presa nos dentes e meia de leite a fumegar deliciosamente na mesa, que observámos o pequeno diluvio que desabava das nuvens negras. Mecanicamente ajustei o fecho do polar mais um pouco e dediquei-me por inteiro á tosta mista. Há manhãs perfeitas e esta estava no bom caminho.

















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