Porquê?

Corremos porque não temos asas para voar...

Sabem... aquelas paixões à primeira vista?...

A primeira vez que participámos no UTAX (ultra trail aldeias do xisto) fizemos uma versão curta de 45 Km. Se a memória não me trai, a primeira aldeia que atravessámos no percurso foi o Talasnal. Era também o primeiro ponto de abastecimento e controlo. Lembro-me da magnífica sensação que experimentei ao olhar pela janela da exígua salinha onde funcionava o abastecimento e ter dado de caras com a verdejante paisagem do vale que situava lá ao fundo. Aquela vista espectacular, emoldurada pela madeira velha da janela, colheu-me de surpresa. Foi o ponto de partida para me apaixonar completamente por esta serra da Lousã e pelas aldeias que então percorremos. Aqui, nesta corrida, as sensações eram tão boas que sentia na pele que conseguiria chegar ao fim naquela que foi a primeira incursão a sério em provas desta natureza. Na segunda participação no UTAX, mas na distância de 100 km e depois de comer o pão que o diabo amassou num arranque de prova nocturno e com uma subida brutal em que mal se via o trilho devido á chuva e nevoeiro, chegamos novamente ao Talasnal ao fim de um pouco menos de 2 horas. Desta vez tínhamos hipotecado as esperanças de prosseguir. A cerca de 1 km da aldeia uma pedra traiçoeira deixara o Miguel fora de combate. Mais uma vez o Talasnal foi o ponto de emoções fortes, tempo de balanço e avaliação, infelizmente desta vez com alguma tristeza. Não admira por isso que esta aldeia esteja gravada nas minhas memórias tão fortemente. Apesar de todas as aldeias serem lindas, a minha predilecta é, e sei que sempre será, o Talasnal. Impossível falar da serra da Lousã sem relacionar com esta aldeia.

De volta a esta serra no próximo domingo para participar no Ultra Louzan Trail, não vou ter o prazer de rever aquela casinha que serviu o abastecimento das outras duas vezes, já que a prova não passa por lá. Ao invés, passa por outras também nossas conhecidas, Candal, Cerdeira e Casal Novo, mas não posso deixar de lembrar com saudade aquela viela estreitinha, as escadinhas em xisto que atravessam o pequeno povoado e aquele pequeno alpendre de madeira tosca onde já sorrimos de orelha a orelha e também já só faltou chorar. São muitas recordações…


2 comentários:

  1. Para o ano gostava que o nosso planeamento desportivo passasse por aqui! ;o)

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    1. Talvez seja possível. A vontade existe, por isso quem sabe...

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