A nossa história de corrida remonta sensivelmente a 2008. Reuníamo-nos
no Parque da Cidade a fim da tarde e dava-mos umas voltas ao circuito, apenas
com o objectivo de manter a saúde física e mental e sobretudo alimentar o
prazer que usufruíamos em conjunto na prática dessa actividade desportiva.
Em 2011 o meu cunhado David Bollick que já possuía um currículo
impressionante com participação em várias meias maratonas e maratonas, insistiu
(como já tinha feito noutras ocasiões) para que aproveitássemos o hábito que já
tínhamos de correr e participasse-mos numa prova organizada. Consultado o
calendário, verificámos que faltava cerca de um mês para a meia maratona da
Sport Zone. Ele, que estava de férias e tinha de regressar para a América do
Sul já não tinha disponibilidade para alinhar na partida connosco mas
incentivou ao máximo para que o fizéssemos. A palavra maratona, ainda que se
tratasse da meia, era assustadora, pensar em correr 21 km era realmente
transcendente, mas os incentivos dele e o meu espirito aventureiro fizeram com
que fosse a um balcão da Sport Zone e inscrevesse ambos, eu próprio e o Miguel.
Quando comuniquei ao David que tinha feito a inscrição foi nítida a sua
satisfação e ainda estão presentes a s suas palavras de incentivo nesse momento
“eu acho que tem madeira de maratonista aí nessas pernas”.
O compromisso com a corrida chamou-me á realidade, falei com
o Miguel e começámos a trabalhar mais sério, entre os conselhos do David e
aquilo que procurava ler na net resumi tudo numa necessidade básica: tínhamos de
ganhar resistência correndo longas distâncias. Assumido o compromisso,
começámos a tentar passar a nossa maior distância e que raramente se atingia, os
10 km. Para complicar, pouco tempo depois o Miguel lesiona-se e começa a ficar difícil
a participação dele, faltavam poucas semanas para a prova.
Entretanto eu, tentava animar o Miguel e continuava a
trabalhar no duro, num final de tarde frio e chuvoso, com o Parque da Cidade
inteiramente para mim comecei um treino com o objectivo de chegar aos 16 km, as
coisas até não estavam a correr mal e parecia que conseguiria atingir o
objectivo, mas pouco antes dos 14 km senti uma picada na coxa esquerda e fiquei
a coxear durante uns metros, pensando que poderia passar, não durei mais
duzentos metros. Apoiar o pé esquerdo no chão era doloroso. Desanimado, fui
tomar um duche e rumei a casa. Só pensava quão ingloriamente tinha terminado a
possibilidade de participar na meia maratona. Quando dei a notícia ao meu
cunhado que já cá não estava, creio que ele se sentiu um pouco responsável por
me ter alimentado a ideia de que uns corredores tão precários como nós poderiam
chegar a correr uma prova dessa natureza. Na família mais envolvida no
projecto, ficámos todos um pouco sem jeito, pois a participação estava a ser
vivida com alguma expectativa.
Assim, a duas semanas e meia da prova, estávamos
os dois impedidos de correr. Sem vontade de desistir comecei a procurar
informação sobre os meus sintomas, o Miguel fazia o mesmo em relação a ele. No
final da primeira semana juntámo-nos e conseguimos fazer um sofrido treino de 8
km ambos testando a possibilidade de que as nossas desgraças desaparecessem.
Concluímos que havia melhorias e não corri mais até ao fim de semana anterior
ao da prova em que fiz o teste final. Deixando a família na expectativa antes
de um jantar convívio, fui para um percurso circular que abrangia o Mar
Shopping e a Decathlon e fiz 16 km sem sentir dores nenhumas na perna. No final
dos 16 km fui para casa tão feliz quanto se possa imaginar, e quase fazíamos
uma festa. Pelo seu lado o Miguel continuava ás voltas com uma dor na canela
que o atormentava bastante, mas que também estava nesta altura atenuada. E foi
nestas condições que nos apresentámos na nossa primeira participação numa prova
desta natureza. Enquanto eu, algo inconsciente do que tinha pela frente, usufruía
daquele ambiente que nunca tinha experienciado, o Miguel ao contrário estava
tenso, cara fechada e hirto que nem uma estátua, só me dizia: “quero ver como é
que nos vamos safar disto…” . Deve ter repetido isto umas boas quatro vezes
naqueles minutos que antecederam a partida.
O resultado foi que ambos terminámos, o impensável tinha
acontecido e a nossa cara de orgulho e alegria poderia ser lida por qualquer
pessoa que tivesse vivido connosco os últimos tempos. Foi com grande alegria
que enviei a camisola de participação para o meu cunhado. Ele tinha sido o responsável
por termos dado aquele passo gigantesco.
Finishers na nossa primeira prova MMSZ 2011 |
Foi esta a primeira página de uma história que nos conduziu
a inúmeras experiências. Passado poucas semanas estávamos a participar na
Family Race, uma prova mais curta paralela ao evento da Maratona do Porto,
quando terminei essa prova disse de imediato ao Miguel: “Para o ano quero uma
medalha daquelas” referindo-me obviamente ás da maratona, a resposta do Miguel
foi perguntar-me com cara de incrédulo se eu estava maluco.
S João 2012 |
Amigos da Montanha 2013 |
Trilho dos Abutres |
Marão, após um período de doença, com desclassificação ao 45K por ultrapassar o tempo da barreira horária, Corrida de S. João, Ultra Trail Douro e Paiva, Meia Maratona da Sport Zone, Trail Serra D’Arga, UTAX com desistência precoce por lesão do Miguel num tornozelo, Gerês Marathon e fecho com a S. Silvestre do Porto.
Ultra Trail Terras de Sicó 2015 |
Gerês Marathon 2014 |
Wings For Life World Run 2015 |
Vamos continuar a escrever as páginas da nossa história com
um calendário muito duro ainda para este ano e sob o novo lema “Turtle Power” a
nossa nova imagem de marca representada por uma tartaruguinha simpática que
muito estimamos.
Bestial! :o)
ResponderEliminarParabéns pelo blog, está excelente.De realçar a vossa participação nas diversas provas, sempre com muito empenho esforço e dedicação.Força!
ResponderEliminarObrigado Ferreira. Abraço
EliminarA tartaruga vai ter de dar á caneta...
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