Vila Nova de Cerveira |
Com o olhar
parado na paisagem que conheço de cor, tento entender o que de estranho ela
hoje inclui. Que elemento camuflado se disfarça naqueles verdes e azuis, que me
prende numa atenção inquieta?
Por momentos procurei a
resposta no horizonte, escutei a brisa na folhagem e observei o suave ondular
das plantas aquáticas à superfície, analisei os matizes verdes e azuis, parecia
tudo igual a tantas outras vezes em que já ali estivera… o que me inquietava
então? De repente, percebi que a resposta estava dentro de mim. As vivências
emocionais difíceis dos últimos tempos, percepcionam que o fim de um ciclo se
perfila na linha inexorável do tempo. Esse carácter transitório da vida, que
nunca antes estivera presente, evidencia-se agora imiscuído na paisagem. A
inevitabilidade do efémero no carácter de eternidade que a paisagem evidencia,
era o que eu estava a ver, ou melhor, estava a projectar mentalmente, uma
janela de inquietação através da qual eu estava a olhar o rio. É nestes
momentos, que coloco os pensamentos filosóficos e as teorias “Darwinianas” na prateleira
e procuro equilíbrio na espiritualidade, ocultando a minha própria
insignificância e introduzindo o sublime na questão… Neste dia da mãe, eu, provavelmente o mais
precário dos cristãos, deixo escapar uma oração pela minha.
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