A natureza parece apresentar o espaço
paisagístico com os elementos calculadamente dispostos com a intenção de gerar
emoções e sensações. Combina elementos de proximidade com outros longínquos,
pedras, prados, caminhos ou majestosos cumes e céus de múltiplas tonalidades
numa alquimia perfeita.
Usufruindo de tudo isto, aprendi
grandes coisas na montanha. Aprendi a ser paciente, aprendi que durante uma
subida não chego ao cimo quando quero, não vale a pena gerar expectativas,
apenas posso continuar pondo um pé á frente do outro e esperar lá chegar. A montanha
ajudou-me a refinar o sentido da palavra humildade, desde logo pelo meu tamanho
diminuto, se comparado com ela. Ensinou-me principalmente a humildade de
entender que não posso tudo. Aprendi o significado de companheirismo, com esse
companheiro que está mais forte e me dá forças para continuar quando tudo o que
me apetece é apenas ir para casa. Também me ensinou o sacrifício de quem coloca
o objectivo em segundo lugar para podermos acabar juntos a prova.
A montanha é um mestre ilustre
que nos mostra o que é ser rico, quando durante uma prova cai a noite fria e chegados
a um ponto de abastecimento, exaustos, nos oferecem um caldo quente. Aprendi a
apreciar o valor destas coisas pequenas, e a perceber a citação “a riqueza não
é ter mais, mas sim necessitar de menos e valorizar o que tens”.
Por vezes basta um pequeno
detalhe, um gesto ou uma nuvem que passa rápido sobre nós, para despertar
recordações que se recompõem na mente como uma imagem. São odores e sabores que
se reconstituem e activam o pensamento com ecos de metafisica; “de onde vimos,
para onde vamos?” são perguntas que ocorrem repetidamente na mente.
A montanha tem muitas lições que
coloca á nossa disposição constantemente, mas no final, somos nós com a nossa
predisposição para aprender, que fazemos dela um mestre.
Podemos subir a montanha como uma
mera pista de treino, ou podemos subir com a atitude de que ali se escondem
grandes segredos que podemos aproveitar para a vida.
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