Porquê?

Corremos porque não temos asas para voar...

Mais um 11 de Junho passou...

A música tocava baixinho preenchendo o ambiente com a subtileza necessária para ser audível e passar despercebida ao mesmo tempo. Duas vozes negras contracenavam no palco sonoro. Graves, profundas, ficavam muito bem no ritmo jazz que ia desfilando na sala do Fnac Café de Santa Catarina.

Este era um local onde, invariavelmente, me poderiam encontrar a tomar um café há dez anos atrás. Agora, apenas esporadicamente aqui venho. Comparando esses tempos com os actuais, noto as mudanças que o decorrer dessa década operou na minha vida. Um conjunto de recordações permanece, estabelecendo a ligação entre o antes e o depois. Uma história simples e singela, como tantas outras, escrita a pulso todos os dias, partilhada e inclusiva o mais possível, com e para os que me estão mais próximos.

Ontem a música foi outra. Em casa e ao ritmo das palmas e vozes desencontradas sublinhadas por sorrisos descontraídos, vi-me frente a frente com um bolo. Nada de mais, pois estou bem habituado a vencer estas batalhas, mas este trazia uma hostilidade inesperada: Duas velas acesas,  cada uma delas com um algarismo vermelho bem destacado. Ao estabelecer a associação entre os dois fiquei um pouco sem forças e tive que me recorrer da Mafalda ( a minha netinha, um dos pontos altos da última década) para apagar aquelas duas fogueiras de inquietação que brilhavam ostensivamente diante de mim e que os presentes, no final do coro, me apontavam com dedo inquisidor.

Como um anjo salvador, a Mafalda apagou-as de uma assentada. Aquele momento aflitivo acabou diluído nas pequenas espirais de fumo das velas. Estava agora mais equilibrado o confronto. O bolo, sem as velas, tinha agora um ar menos ameaçador e eu iria certamente vingar-me nele daquele último minuto.

Hoje, de retorno à normalidade do dia a dia e á construção de outros pequenos blocos da minha história pessoal, apenas posso desejar que, o que quer que seja que esteja pela frente seja tão agradável como o que constituiu a última década. Para o próximo aniversário, uma das velas terá um zero, talvez com um pouco de arte e engenho o consiga colocar á esquerda, caso contrário... Mafaldaaaaaa!!!! 

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