O Outono acabou de entrar. Pelo menos no calendário, já que
o clima ainda não corresponde. Uma nova etapa se vai escrever nas nossas vidas,
após termos experienciado mais um evento traumático para a família com a
partida da “Julinha” como carinhosamente lhe chamava a Ester.
Tenho muitas saudades dos trilhos, especialmente da serra
d’Arga. Tenho mesmo de reservar tempo para regressar aos treinos matinais, ao
frio da manhã ou no final do dia á luz do pôr do sol.
Hoje estive a ver uns vídeos de tempos passados, percorrendo
as serras e usufruindo das coisas boas da vida. Como os tempos mudaram, ou por
outra, os tempos não mudaram porque simplesmente o tempo não muda, as pessoas é
que mudam…
Tenho feito a minha adaptação a essa nova realidade,
confesso que tem sido difícil, mas o tempo, sempre o tempo, ajuda a ultrapassar
tudo e lentamente vamos arquivando na memória os sentimentos de tempos idos,
criando novas memórias mais recentes para revisitar, em substituição dessas
outras maravilhosas, mas que têm agregada a elas uma carga de negatividade que
causa dor.
Agora que previsivelmente o tempo vai começar a melhorar,
vou planear bem para me colocar novamente em forma e participar na meia
maratona do Porto do ano que vem como prova de abertura deste novo tempo. Assim a saúde não
nos abandone e a felicidade possa perdurar.
Este é um tempo também para mergulhar bem fundo dentro de
mim próprio, para redescobrir e revisitar tudo aquilo que se tem constituído
como pilar ou fundação da minha existência. Revisitar os valores daquilo que
sou como ser humano, chamá-los á luta novamente, tê-los bem presentes para me
fortalecerem nesta necessidade de ultrapassar algumas fragilidades vivenciadas
nos últimos tempos. A enorme necessidade de ser forte pela esposa, não me
permite dar-me ao luxo de desanimar. Os valores e fundamentos do meu pensamento
são de extrema importância neste momento e, para quem como eu se constituiu
como “self-made man”, esta será apenas mais uma etapa. Não guardo rancores, nem
necessito de desculpas, apenas guardo tristeza porque pessoas a quem eu quero
tanto, tenham passado uma imagem tão desoladora de sentimentos privilegiando o
apego a bens materiais em substituição daquilo que realmente deveria contar: as
pessoas.
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