No fim de semana passado, quando
escrevi que só tinha uma regra: “não desistir”, não sabia que iria ser colocado
á prova tão rapidamente. Depois de uma semana em que me senti um pouco em
baixo, tive dificuldade em reunir energia para fazer um treino. E assim, foi no
domingo, apenas impelido pela minha única regra, que me equipei. Já na serra
pensei que quando começasse a correr o torpor me abandonaria e chateado comigo
mesmo fiz um arranque muito duro com um início de grande dificuldade, uma
espécie de castigo por estar tão “preguiçoso”. Segui por caminhos que nunca me
atrevi, por serem tão duros e foi precisamente numa dessas etapas que fui
premiado com uma chuva densa sem vento, que mais parecia estar no duche.
Chegado ao cimo, derivei para a esquerda num plano mais horizontal e quando
pensava que a chuva estava do pior o tempo incrementou ainda mais a velocidade
da chuva. Encharcado até aos ossos fui escolhendo um percurso em que pudesse
correr para não arrefecer demasiado. Ao perscrutar a linha do horizonte
pareceu-me que a chuva poderia fazer uma pausa, mas a completa ausência de
vento fazia com que as nuvens se deslocassem lentamente, pelo que, aquele duche
forçado, ainda iria durar algum tempo.
Duas motas aproximavam-se a
grande velocidade, afastei-me o mais possível para evitar a eventual projecção
de pedras soltas. Em breve passavam por mim deixando um nauseabundo cheiro a
combustível no ar. Em cima das motas seguiam duas figuras completamente
enlameadas. Fiz uma pausa até o ar se tornar novamente respirável e acabei por
deixar de sentir o incómodo da chuva, desde que pudesse continuar a correr
estava tudo bem. O caminho que fui escolhendo cruzou-se quase com o ponto de
partida. Nesse momento percebi que queria esticar mais um pouco o treino e
analisei mentalmente várias hipóteses dentro das que conheço. A hesitação era
enorme, deu pera entender como estava cansado e sem motivação. Acabei por me obrigar,
autenticamente, a seguir um trilho até á estrada e daí procurar a saída da
serra pelo alcatrão. A ideia basilar foi manter um ritmo de corrida mais constante
e alargar o perímetro para fazer um treino minimamente aceitável em termos de
distância.
Hoje foi mesmo a regra “não
desistir” que me propulsionou, não havia força, não havia motivação, não havia
nada.
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