Porquê?

Corremos porque não temos asas para voar...

"Quando o aluno surpreende o mestre..."

Rio Ferreira perto da aldeia de Couce
Tenho, como qualquer pai terá, sempre presente a necessidade de passar e defender os valores "do bem" aos seus filhos, entendendo como "bem", tudo aquilo que normalmente se associa à compaixão, respeito e integridade. Aceitar as diferenças, recusar a agressão gratuita, seja verbal, física ou moral. Procuro associar exemplos que reforcem a teoria e foi, nessa matéria, que do alto do meu "pedestal de sabedoria" encaixei uma lição séria sobre o assunto. No caso, tratou-se de uma agressão ambiental.

É comum eu e o meu filho corremos juntos no ambiente natural das serras de Santa Justa e Pias no concelho de Valongo, ambiente esse, que várias autarquias procuram defender pelo elevado interesse ecológico da região que possui também uma grande riqueza de património histórico e geológico.
Dadas as características naturais destas serras, são utilizadas por uma miríade de pessoas dedicadas a interesses múltiplos como sejam o motociclismo, ciclismo, passeios a pé, passeios de jipe, escutismo, escalada etc. 
Esta enorme procura coloca uma enorme pressão ambiental sobre a natureza, cuja fragilidade, nos obriga a utilizar os seu recursos de forma sensível e delicada.

Foi num qualquer contexto, de que confesso já não me lembrar, que eu conversava com o meu filho sobre o meu avistamento de algumas embalagens de gel e outros produtos associados que foram deitadas para o chão por utilizadores menos cuidadosos. Estas embalagens não são biodegradáveis e dão ao local aquele aspecto de lixo abandonado tão desagradável. De facto, se todos tivéssemos esse comportamento, os trilhos ficariam rápidamente uma pequena lixeira, pejada de embalagens de plástico colorido. Eu pessoalmente, adoro o verde das plantas, as cores das flores, a cor da terra ou a forma dos penedos. Qualquer coisa que aí não pertença, cria uma diferença de carácter estético que choca de frente com a minha sensibilidade.

Prespectiva do vale onde corre o rio Ferreira
E foi durante esta conversa que ele me disse ter visto uma embalagem de piza abandonada junto ao caminho. Não valorizei a situação, foi apenas mais uma circunstância de conversa. Mas o regresso haveria de nos fazer passar pela dita caixa outra vez. Eu ia na frente e também a vi, pensei no erro que as pessoas cometem ao deixar assim os restos da sua passagem pela serra, alterando a agradabilidade natural de que elas próprias procuram usufruir. Qual não foi o meu espanto, quando, cerca de um quilómetro depois, o meu filho passou para a frente carregando numa mão a embalagem vazia. Correu ainda mais dois quilómetros com ela até a depositar nos baldes de lixo no Parque da Cidade de Valongo.

A fragilidade da natureza carece de cuidado
Foi uma enorme lição, percebi que também deveria ter recolhido aquelas embalagens de gel abandonadas, não que sejamos lixeiros, mas nesta circunstância particular, o filho mostrou ao pai como se faz, sempre que nos é possível fazê-lo.

É assim a vida, umas vezes ensinamos, outras... aprendemos.

Neste dia grande parte do vale estava sob nevoeiro sendo que
os cumes mais elevados pareciam ilhas


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