Porquê?

Corremos porque não temos asas para voar...

Quando não há mais nada...


No fim de semana passado, quando escrevi que só tinha uma regra: “não desistir”, não sabia que iria ser colocado á prova tão rapidamente. Depois de uma semana em que me senti um pouco em baixo, tive dificuldade em reunir energia para fazer um treino. E assim, foi no domingo, apenas impelido pela minha única regra, que me equipei. Já na serra pensei que quando começasse a correr o torpor me abandonaria e chateado comigo mesmo fiz um arranque muito duro com um início de grande dificuldade, uma espécie de castigo por estar tão “preguiçoso”. Segui por caminhos que nunca me atrevi, por serem tão duros e foi precisamente numa dessas etapas que fui premiado com uma chuva densa sem vento, que mais parecia estar no duche. Chegado ao cimo, derivei para a esquerda num plano mais horizontal e quando pensava que a chuva estava do pior o tempo incrementou ainda mais a velocidade da chuva. Encharcado até aos ossos fui escolhendo um percurso em que pudesse correr para não arrefecer demasiado. Ao perscrutar a linha do horizonte pareceu-me que a chuva poderia fazer uma pausa, mas a completa ausência de vento fazia com que as nuvens se deslocassem lentamente, pelo que, aquele duche forçado, ainda iria durar algum tempo.

Duas motas aproximavam-se a grande velocidade, afastei-me o mais possível para evitar a eventual projecção de pedras soltas. Em breve passavam por mim deixando um nauseabundo cheiro a combustível no ar. Em cima das motas seguiam duas figuras completamente enlameadas. Fiz uma pausa até o ar se tornar novamente respirável e acabei por deixar de sentir o incómodo da chuva, desde que pudesse continuar a correr estava tudo bem. O caminho que fui escolhendo cruzou-se quase com o ponto de partida. Nesse momento percebi que queria esticar mais um pouco o treino e analisei mentalmente várias hipóteses dentro das que conheço. A hesitação era enorme, deu pera entender como estava cansado e sem motivação. Acabei por me obrigar, autenticamente, a seguir um trilho até á estrada e daí procurar a saída da serra pelo alcatrão. A ideia basilar foi manter um ritmo de corrida mais constante e alargar o perímetro para fazer um treino minimamente aceitável em termos de distância.

Hoje foi mesmo a regra “não desistir” que me propulsionou, não havia força, não havia motivação, não havia nada.




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