Porquê?

Corremos porque não temos asas para voar...

Subida à Sra. do Minho

 

Capela de N. Sra do Minho.
Foto retirada da internet.

Este mês de Agosto tem sido uma raridade nos últimos tempos, no bom sentido. Chegar ao dia 22 e ter 8 treinos registados na agenda representa uma grande evolução face aos últimos meses. Encorajado por este súbito assomo de desempenho, planeei terminar esta semana com uma subida ao santuário da Sra. do Minho.

A ideia é partir da pequena localidade de S. Lourenço da Montaria, dar a volta no alto junto ao santuário e regressar, cerca de quatorze quilómetros no total, divididos em sete a subir e sete a descer. A subida é duríssima, variando a inclinação entre os quatro e oito graus de inclinação. Quando associada a um dia quente, como foi o caso, representa um sério desafio físico e mental.

A minha estratégia era vencer dois quilómetros de cada vez, uma espécie de meta volante com efeito motivador para os seguintes. Sabia que noventa por cento do percurso era exposto ao sol e preparei-me mentalmente para isso.

Após ter estacionado á sombra de um dos inúmeros carvalhos centenários que por aqui existem, quis fazer as coisas rapidamente pois eram 16:00 da tarde, como recompensa dessa rapidez, telemóvel e boné ficaram no carro, quando me apercebi do erro já não dava para voltar atrás. Tinha percorrido uma distância considerável e com este calor e desnível estava fora de hipótese.


Fase bastante inicial do percurso mas noutra altura do ano.
Foto retirada da internet.

Os primeiros quilómetros foram de adaptação mas depois de passar os primeiros dois comecei a sentir-me mais à vontade e a paisagem lindíssima para o lado direito, que abrange grande parte do vale do rio Lima e se estende até ver Viana do Castelo na linha do horizonte, começou a dar uma ajuda, pois a parte contemplativa tirava, a espaços, o foco do esforço necessário para vencer a inclinação.


...a paisagem lindíssima para o lado direito, que abrange grande parte do vale do rio Lima e se
estende até ver Viana do Castelo na linha do horizonte, começou a dar uma ajuda, pois a parte contemplativa tirava, a espaços, o foco do esforço necessário para vencer a inclinação.
Foto retirada da internet.

A segunda grande ajuda veio de um fluxo apreciável de viaturas que se dirigiam para o santuário. Estamos a falar de uma estreita estrada florestal em que se circula devagar e as pessoas, com as janelas abertas, davam incentivos e ânimo para continuar. O mais engraçado, é que eu encontrei um ritmo em que me sentia realmente “confortável” na medida do possível e com os incentivos, principalmente de “sofredores” que seguiam de bicicleta e que tinham bem a noção do que eu estava a passar, mantinham-me bem motivado.

A cada quinze minutos um generoso gole de um “isotónico caseiro” que preparei em casa para não ter alguma quebra súbita e as coisas corriam realmente muito bem.


 ... nos últimos dois quilómetros a inclinação acentuou-se bastante, mas a proximidade do objectivo
era uma força extra e eu continuava forte. 
Foto retirada da internet.


Serra acima, pensava como esta subida permitiria uma evolução na resistência, que parecia estar irremediavelmente perdida dois meses atrás. Pensava também noutras vezes, não poucas, que ali passei em circunstâncias e vivências tão diferentes. Num desses momentos, fui chamado á realidade por um carro que descia e cujas pessoas, com a cabeça fora da janela me davam força para a tarefa que enfrentava. Agradeci continuando serra cima, nos últimos dois quilómetros a inclinação acentuou-se bastante, mas a proximidade do objectivo era uma força extra e eu continuava forte.

Depois de umas centenas de metros no planalto cheguei ao ponto de maior altitude junto á torre de vigia. Foto retirada da internet.


Depois de umas centenas de metros no planalto cheguei ao ponto de maior altitude junto á torre de vigia.  De imediato dirigi-me à minha velha conhecida de muitas lutas anteriores, uma torneira que me proporciona uma boa refrescadela e encher os dois reservatórios de água. Uns minutos de contemplação e o regresso, para não permitir um grande arrefecimento.

Agora era sempre a descer, se para cima foi bom para treinar a resistência, agora é a vez de treinar o ritmo. É também o momento em que mais aprecio a paisagem e o silêncio envolvente, pois o esforço é agora muito menor. De vez em quando, cruzava-me com mais um ciclista que seguia lentamente subida acima, dessa já me livrei, penso seguindo a bom ritmo.

Uns minutos de contemplação e o regresso, para não permitir um grande arrefecimento.
Foto retirada da internet.


Depois de uma curva apertada, entro nos últimos quinhentos metros, uma zona bem arborizada e onde vou correr sempre á sombra. Terminei tão bem que resolvi correr mesmo até ao carro em vez de parar no ponto de inicio.

Foto em S. Lourenço da Montaria com a serra D'Arga em fundo


Estava longe de imaginar que estava tão bem e que conseguiria tirar tanto proveito desta paisagem tão familiar e carregada de histórias minhas. Óptima maneira de terminar o dia.

Obrigado serra d’Arga.


Sem comentários:

Enviar um comentário