Porquê?

Corremos porque não temos asas para voar...

Tem sido tanto o que a pandemia nos tem retirado...

 


Como eu tinha saudades disto…

É um velho ritual… estacionar o carro, sair e recolher as sensações da temperatura matinal, colocar o cinto com meia dúzia de coisas essenciais, telemóvel incluído, não esquecer a água e caminhar até ao ponto de partida mesmo na base da serra.

A dificuldade de estacionamento indicou-me de forma clara, a procura que a serra tinha nesta manhã de domingo. Enquanto me dirigia para o local que é misticamente, o meu ponto de partida, decidi que a melhor opção para evitar eventuais aglomerados era optar pela subida até às antenas, que pela sua dureza reduz logo noventa por cento do trânsito pedonal.

A manhã estava entre o nublado e períodos de sol, mas sem frio. À, medida que fui subindo um calor abafado foi-se tornando uma sensação cada vez mais omnipresente. A encosta em que me encontrava, estava protegida e virada para o lado interior de um pequeno vale e o sol incidia directamente no trilho. Ao fim de um quilómetro e meio estava literalmente a escorrer suor. Parei para observar uma paisagem que já não via há muito tempo. O trilho, marginado a verde e pontuado por minúsculas flores amarelas, com as serras e as nuvens distantes na linha do horizonte, o silêncio e a sensação de isolamento, provocaram em mim uma sensação de bem-estar e harmonia como já não sentia há algum tempo.

Para além da destruturação social, que nos mantém afastados de família e amigos e que, até há bem pouco tempo, nos impedia de nos deslocarmos livremente, existe uma miríade de outras pequenas vivências pessoais que, são muitas das vezes, as que nos equilibram e que, por este ou por aquele motivo, não estamos a conseguir experienciar.

Tem sido tanto o que esta pandemia nos tem subtraído… mas tanto…



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