Porquê?

Corremos porque não temos asas para voar...

Uma luz de que não estava à espera no meu 62º aniversário.

Porque esta representa bem a alegria que partilhamos nestas provas...

Bem no centro da pandemia covid19 que assola o mundo e no início de um desconfinamento que se revela atribulado em Portugal com relevância para as regiões de Lisboa - Vale do Tejo e também no Algarve situou-se a data de 11-06-2020. Um dia como outro qualquer, mas também a data do meu 62º aniversário. Nos últimos anos, tenho conseguido participar em grandes provas de corrida de fundo como uma espécie de comemoração pessoal e garantia de actividade física permanente. Este ano, á semelhança do ano passado, tinha como objectivo a minha segunda participação na Serra Amarela Sky Running, uma prova que situa em termos de calendário, apenas uns dias á frente da minha data de aniversário.

No entanto, o aparecimento da pandemia e das suas consequências dramáticas depressa me retiraram o tapete. Confinamento, preocupação, adversidades de toda a espécie, mostraram-me rápidamente a impossibilidade de concretizar esse objectivo. Sobreveio a desinspiração e o desânimo, quase seis meses sem treinar. Pelo meio, uma ou duas saídas para um pequeno treino em Valongo após o desconfinamento, muito mais incentivado pelo meu filho do que por vontade própria.

Com o meu filho na Bélgica em trabalho e sem ver os meus netos há meses, preparava-me para passar o dia sem grande alarido, uma espécie de voo rasteiro o mais despercebido possível. Mas Deus é grande. De surpresa presenteou-me com a presença de netos, filho e nora, junto de mim e da minha esposa. Enquanto estávamos todos á mesa, não pude deixar de pensar que talvez eu merecesse estas dádivas, e que isto me atribuía a responsabilidade de tentar ser todos os dias um ser humano cada vez melhor. Um dia de grande significado pela presença dos mais pequeninos (que me perdoem os outros) e que reavivou em mim, a fé a e a esperança em dias melhores.

A prenda foi entregue no dia seguinte, uma corrida pelas serras de Valongo com o meu filho, recordando tempos (e momentos) do passado. Um percurso com 15 Km e mais de 600 metros de D+, algo que eu não sabia ser ainda capaz de concretizar da forma que o fiz, com dificuldades é certo, mas sem nunca dar muito o braço a torcer. Foram desta vez, estes 15 km, a comemoração pessoal do aniversário. Sabendo que a vida é um dia de cada vez, espero para o ano poder contar com as mesmas presenças e no mínimo e fazer o dobro dos quilómetros. Será que a ciência vai conseguir sobrepor-se ao vírus? Será que a saúde e a liberdade terão aí uma melhor tónica? Será que a alegria dos companheiros que participam nas provas percorrendo as serras poderá ser novamente minha companheira? Espero bem que sim, e espero também que todos percebamos que os maus tratos que infligimos á natureza, se reflectem na nossa qualidade de vida e na nossa saúde.


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