Porquê?

Corremos porque não temos asas para voar...

Compromisso com o treino

Reduzido a um treino semanal, chego ao fim de semana com uma enorme necessidade da sensação de liberdade que a corrida na serra me proporciona. Depois de as condições atmosféricas não terem permito uma escapadinha no sábado, levantei-me cedo no domingo, disposto a fazer tudo para concretizar o objectivo de percorrer uns quilómetros na serra de Santa Justa em Valongo.

Enquanto calçava as sapatilhas um forte aguaceiro desabou das nuvens escuras que preenchiam o céu. Mentalmente preparei-me para enfrentar o pior no serra, não era a primeira vez que para lá ia nestas condições e não será certamente a última, pensei.

Chegado ao local, o primeiro objectivo era tomar um cafézinho. A proprietária do local, num gesto de charme, ofereceu-me uma pequena fatia de bolo rei. Não adiantou nada argumentar que eu estava ali para queimar e não acrescentar calorias. Com um sorriso fantástico para aquela hora da manhã, foi dizendo para eu esquecer isso que era domingo e o bolo estava muito bom e sem perder tempo colocou mais uma fatia à frente de outra "vítima" que estava numa das mesas perto de mim. Com as fatias na mão, ambos trocámos aquele sorriso de quem já está "conformado" e toca a embutir. Realmente o bolo estava muito bom, ainda morninho e ligeiramente húmido foi uma festa para o paladar. Enquanto o saboreava fui também alimentando a ideia que seria melhor acrescentar mais um quilómetro extra ao treino de hoje.

Iniciadas as hostilidades, subi logo a serra direito em direcção à Igreja de Sana Justa que fica no cimo. Uma subida menos longa mas muito mais íngreme que sem aquecimento colocou todo o meu corpo em alerta vermelho. Nada despropositado pois ao desembocar no cimo fiquei estupefacto. Um enorme aparato com elementos da protecção civil, exercito e policia com respectivas viaturas enchiam o adro da Igreja, perante o facto de todos estarem a olhar para mim com cara de caso resolvi perguntar se era seguro para mim circular pela serra, ao que um policia me disse que tinha de ficar ali até terem condições de me acompanhar a Valongo e que a  circulação na serra estava condicionada. Sem outro remédio senão concordar preparei-me para esquecer o treino, mas a intervenção de um outro elemento trouxe a salvação, poderia ir pelos meus meios até Valongo desde que não saísse da estrada que conduzia lá abaixo. Concordei rapidamente e lá fui novamente até ao ponto de partida. Enquanto descia fui pensando como poderia prolongar um pouco os quilómetros sem colidir com a segurança daquela operação. Comprometido com o treino arranjei alternativa e lá consegui conciliar a vontade de manter a forma física mínima com a fruição que proporciona o meio ambiente da serra e também aliviar a consciência do abastado jantar de arroz de marisco "made in" Eva para o qual a fatia de bolo rei da manhã também não contribuíra nada.

Já no regresso a casa e ao ouvir as noticias no carro, fiquei a saber que afinal o acidente com o heli do INEM não acontecera em Campo mas sim precisamente ali na serra de Santa Justa, daí o aparato policial. As serras de onde eu extraio tanto gozo, foram um destino fatal para aqueles profissionais. Paz à sua alma.



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