Porquê?

Corremos porque não temos asas para voar...

Afinal... Menos mal!!!

 


Depois de várias semanas de inactividade ou de actividade esporádica, consegui finalmente colocar um treino na agenda. Nos últimos tempos, apenas duas idas e volta duplas ao paredão e ao longo da praia de Leça, para ajudar a entrar na água, constituíram o conhecimento do ponto de forma em que me encontrava, por isso, a expectativa sobre o que poderia fazer era grande.

Foi assim que me apresentei na serra hoje. Uma manhã bem quente e que aqueceria ainda mais á medida que as horas avançavam.

Quis compensar a ausência demorada e tracei um treino duro tanto em distância como em desnível e descobri que estava com algumas capacidades ainda, conforme provou a subida da serra pelo desnível mais complicado e mais vertical iniciado mesmo ao nível do rio Ferreira e já com perto de 5km nas pernas.


Foi neste local que surpreendi uma enorme garça cinzenta pousada num ramo baixo de uma árvore seca e já bem carcomida pelo tempo, sobranceira a o rio. Assim que me avistou, lançou-se no espaço. O seu voo perfeitamente estilizado e sereno, apesar da sua dimensão, trouxe ao este treino um aspecto estético que o enriqueceu muito para mim.


A subida iniciou-se quase de imediato e a sensação de força e o ganho de desnível sem grande custo, levou-me a prolongar o treino para zonas que não é comum explorar. A vontade era continuar a seguir o trilho e tentar fazer um círculo para regressar a Couce, mas não consegui. A sinalização e o desconhecimento do terreno tiraram-me a vontade e optei por regressar a terrenos que conheço tão bem como a palma da minha mão. Menos interessante quiçá, mas muito mais seguro sem sombra de dúvida.


Na descida, uma espécie autóctone e que me traz muitas recordações de infância, dava um toque colorido ao trilho. Tratava-se de um medronheiro em que os seus frutos vermelhos contrastavam com a sua folhagem verde. Colhi um e ingeri-o relembrando esses paladares de tempos longínquos.


É certo que nem o ritmo nem a resistência são os mesmos de outrora, mas com tanta falta de acção não poderia ser de outra forma, ainda assim, usufruir da paisagem, emergir nesta natureza tão diferente da paisagem urbana, enfrentar a rudeza dos trilhos e a dureza do desnível proporciona a mesma sensação de prazer de sempre. Cruzar-me com corredores isolados, como eu, em zonas completamente alheadas da normal utilização humana, transmite uma sensação de partilha de gostos comuns e o afável cumprimento é sempre inevitável.


Entusiasmado com a minha prestação de hoje, 14 km com 450m D+, gostava de implementar uma certa regularidade na coisa, afinal tenho acalentado o sonho de, pelo menos, participar por mais uma vez em duas grandes provas, Serra Amarela Sky Running e Maratona do Porto. 

2023 seria o ano ideal para o efeito.

Esta espécie tem sido plantada nas serras. Um ponto
muito positivo para a gestão do parque.


Descontando o tempo das fotos, até foi um bom treino.


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