Porquê?

Corremos porque não temos asas para voar...

Levantar cedo e marcar encontro com a serra...

 


Sigo distraído pela minha respiração cujos novelos de vapor dançam ao sabor da minha deslocação. As pontas dos dedos, doridas pelo frio da manhã, recordam-me que o verão já lá vai. No caminho, passo por umas videiras americanas e o cheiro a mosto é intenso, trazendo á memória outras vivências do passado. Tenho andado arredado desta paisagem e hoje, a serra recebe-me nas suas belas vestes de outono. O orvalho pinga das giestas saturadas de água. As gotas pendentes, despedem reflexos de luz e as teias de aranha são um espectáculo bordado a orvalho e luz de onde não apetece retirar o olhar.

O acaso levou-me pelos trilhos que conheço de cor, subindo, descendo, disfrutando da razoável condição física do momento. Quantos passos já não tenho nestas serras? Aqui estreei as minhas primeiras sapatilhas de trail, aqui dei os primeiros passos na transição do asfalto para os trilhos. Recordo esses tempos com saudade, mas sobretudo com um sorriso, pelo prazer então sentido.

Desde então, muito tenho retirado desta minha relação com a natureza.

Hoje não trazia grande vontade, mas acabei por fazer um percurso razoavelmente difícil percorrendo 14 km de trilhos, fruto da motivação que fui acumulando durante o percurso, bebendo da beleza da paisagem e do desfiar de recordações tão agradáveis.



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